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Qualidade e estabilidade e prazo de validade de produtos cosméticos

Autor: Marilice T. de Souza.


Nos últimos anos, ocorre no Brasil uma profusão de lançamento de produtos cosméticos: são cremes para os mais variados usos, seja pele ou cabelo, produtos de higiene, incluindo sabonetes, desodorantes, perfumes, produtos de tratamento, embelezamento ou para maquiagem e outros muitos outros.


Consumidores exigem mais e mais que produtos sejam agradáveis ao uso e não sofram alterações seja na prateleira dos estabelecimentos ou ao longo do uso.

Fabricantes atentos a esta exigência de mercado empenham-se em idealizar produtos seguindo tendências internacionais, produtos estes que deverão ter qualidade inalterada dentro do prazo de validade estabelecido.


O estabelecimento do prazo de validade é definido em função dos resultados de testes aplicados a estes produtos, os chamados estudos de estabilidade, os quais serão conduzidos segundo as legislações vigentes em cada país.


Com o objetivo de acelerar o envelhecimento do produto, os estudos de estabilidade acelerados se prestam a avaliar as diferentes formulações de um produto quando armazenadas em diferentes condições. As avaliações serão realizadas mediante a aplicação de testes físico-químicos e microbiológicos.


As formulações serão testadas, de preferência, na embalagem estabelecida para comercialização e na ausência desta, em embalagem inerte, normalmente de vidro neutro, em tamanho compatível com aquela que será comercializada, o que permite avaliar adequadamente a compatibilidade entre embalagem e produto.


As diferentes condições de estudo incluem submeter formulações à centrifugação, ao frio, a ciclos de aquecimento e resfriamento, à exposição à luz solar direta e a uma temperatura elevada. A avaliação é feita sempre por meio da comparação dos resultados de análises das amostras testadas com os resultados obtidos na amostra mantida em temperatura ambiente, normalmente armazenada protegida da luz.


O ambiente frio vai apontar a ocorrência de turvação ou precipitações. De maneira semelhante, o ciclo de aquecimento e resfriamento busca verificar se a formulação é um sistema que resiste ao estresse de temperatura. No caso de emulsões, principalmente nas mais complexas, além das análises rotineiras, sé justificável centrifugar as amostras no término do teste de ciclo. Isso porque a variação de temperatura pode causar alterações no sistema emulsionante, que ficariam mais evidentes com a centrifugação.


A avaliação final dos produtos cosméticos é realizada por uma conclusão simples, considerando apenas os resultados dos testes individuais, porém para estabelecer prazo de validade cientificamente, sempre que possível, o uso de cálculos estatísticos leva a maior segurança.

Em geral, as indústrias brasileiras estabelecem a validade, fixando uma data a partir da fabricação, o que atende à legislação, mas, infelizmente não leva em conta as alterações que ocorrem após a abertura da embalagem.


Embora de difícil estabelecimento, pois nem sempre é possível prever as ações que consumidores adotam durante o uso, tais como locais de armazenamento sujeitos à incidência de luz e calor, a adoção de prazos que incluam períodos após a abertura das embalagens pode reduzir o risco de fabricantes e consumidores.


Nunca é demais ressaltar a importância da estabilidade como atributo técnico importante, ligado aos demais atributos de qualidade representado pelas especificações e cuidados durante fabricação. O caráter preventivo e econômico dos estudos de estabilidade não deve ser relegado a segundo plano. Resultados que levem à uma reprovação inicial evita prejuízos financeiros referentes ao produto ( reclamações e recolhimentos) e prejuízos incalculáveis à imagem da empresa. Nesta situação há sempre a oportunidade de ajustes de formulações e embalagens e assim, produto mais seguro em nossas lojas.

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